O acompanhamento psicológico no ambiente escolar é uma lacuna nas unidades públicas de ensino do Rio Grande do Norte. Faltam profissionais como psicólogos e assistentes sociais, fundamentais para o acolhimento dos estudantes e que poderiam reduzir os riscos de situações extremas, como a que ocorreu esta semana na Escola Estadual Berilo Wanderley, em Natal, quando uma aluna armada deixou um colega ferido. Na rede estadual de ensino, de acordo com a Secretaria de Educação (SEEC), são apenas 21 psicólogos, que atuam na própria pasta e nas Diretorias Regionais de Educação (Direcs). A rede estadual tem cerca de 200 mil matrículas.
Na quarta-feira (18) à tarde, a SEEC se reuniu com representantes da Polícia Militar, do Unicef, do Ministério Público e Ministério da Educação (MEC) para, dentre outros pontos, planejar a adoção de uma rede de apoio com foco em acompanhamento psicológico. Pela manhã, a secretária Socorro Batista defendeu que já existe, em parte, a rede de apoio, com a ronda escolar. Segundo ela, uma equipe de psicólogos está atuando em apoio à Escola Berilo Wanderley desde a terça-feira.

“Estamos dando esse apoio [à Berilo], em primeiro lugar, mas haverá um planejamento para ampliar a rede que será construída, também por chamamento das próprias instituições”, disse Socorro Batista. A reportagem procurou a Secretaria na quinta-feira (19) para entender como se deram as discussões em torno do planejamento junto ao MEC, mas não houve respostas até o fechamento desta edição. Na rede municipal de ensino de Natal, segundo a Secretaria de Educação (SME), apesar de ter sido realizado concurso em 2016 para os cargos de psicólogos e assistentes sociais para os quadros da pasta, “houve, por parte da Tribunal de Contas do Estado a suspensão do processo de contratação dos aprovados”.
De acordo com a SME, portanto, há apenas uma psicóloga no quadro funcional da Secretaria, “que entrou por força judicial” e foi incorporada ao Núcleo de Atenção Psicossocial (NAPS), que funciona no Departamento de Atenção ao Educando (DAE).
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“O NAPS é composto pela psicóloga e assessoras pedagógicas com formações em áreas afins. O Núcleo desenvolve ações de caráter preventivo como formações para profissionais da rede de ensino acerca dos temas como suicídio, autocuidado, lesões autoprovocadas, uso de substâncias psicoativas, violências e luto, bem como atende demandas surgidas das unidades de ensino que envolvem os estudantes, professores, funcionários e que versam sobre esses temas”, esclareceu a SME.
Segundo a Secretaria, nesses atendimentos são realizadas as escutas e feitas as orientações aos envolvidos em cada situação para a procura das instituições que tenham a competência para os cuidados com a saúde mental. “É importante destacar que não é função do psicólogo na educação o ‘acompanhamento psicológico’. Esse acompanhamento em caráter de atendimento de consultório é de responsabilidade do psicólogo que atua na saúde”, disse a pasta.
A falta de profissionais especializados para atuar na área de saúde mental nas escolas é um problema, de acordo com a psicóloga Débora Sampaio, especialista em Adolescência e Dependência Tecnológica. Ela comenta que casos de violência nas escolas não surgem por acaso.
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“São situações, às vezes, da própria escola, como violência, exclusão, humilhação ou bullying. Há de se considerar também a popularização dos smartphones, mas os pais, geralmente, não têm repertório para lidar com o fato de que os filhos, em um momento em que deveriam socializar e estar com a família, saem da infância direto para o celular”, comenta.
Ela alerta que os pais devem ficar atentos a alguns sinais. “Se o adolescente vive muito sozinho, já é um indicativo de que é preciso cuidado. Ele precisa construir novas relações e se sentir pertencente a um grupo. Mas, muitas vezes não consegue encontrar isso no mundo presencial e vai buscar no virtual, onde existe às vezes todo um perigo em razão de grupos extremistas”, afirma a psicóloga.
“Nesse contexto, é fundamental, ainda, a presença de psicólogos nas escolas. Já existe lei [13.935/2019] que determina isso, mas a medida não foi adotada, especialmente, em instituições públicas. Hoje, nós temos altas taxas de adoecimento mental, então, é fundamental trabalhar ansiedade e relacionamentos no ambiente escolar. É o psicólogo quem vai, junto com uma equipe estratégica, trabalhar a perspectiva da prevenção, com campanhas anti-bullying”, finaliza Débora Sampaio.
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O psicólogo Lucas Soares, especialista em Processos de Violência e em Psicologia do Luto e do Trauma, chama atenção para um ponto em especial: é preciso a participação de múltiplos agentes para garantir o acolhimento necessário. “É primordial a junção de forças – pais, professores, assistentes sociais – , além da adoção de políticas públicas”, diz. O especialista chama atenção, no entanto, para as dificuldades para a implementação de um processo como esse. “Quem capacita os pais, que não tiveram acesso à educação emocional nas escolas?”, questiona.
“E os professores, às vezes, também não tiveram essa capacitação durante a faculdade”, afirma. “Deve haver uma parceria essencial entre os pais e as pessoas que têm capacitação técnica para poder construir esse acolhimento, em um ideal colaborativo e não culpabilizador”, destaca Soares.
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Tribuna do Norte
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1 comentário em “Concurso Educação RN: rede estadual tem 200 mil alunos e apenas 21 psicólogos.”
Precisamos urgente de concurso na área e concretizar a lei [13.935/2019].